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Desmatamento da Caatinga isola macaco exclusivo do bioma e pode acelerar rota para extinção

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Desmatamento da Caatinga isola macaco exclusivo do bioma e pode acelerar rota para extinção

Guigó-da-caatinga tem sua ocorrência limitada ao interior da Bahia. O guigó-da-caatinga é um dos primatas mais ameaçados do mundo Cristine Prates Um levantamento feito por pesquisadores do MapBiomas revela que o guigó-da-caatinga (Callicebus barbarabrownae) já perdeu mais da metade do seu habitat original. O futuro do primata exclusivo da Caatinga está em risco, sendo ele hoje um dos macacos mais ameaçados do mundo. “A ameaça principal é o bioma que está sendo perturbado, degradado, e a área de distribuição dele que já não é muito grande. Não se conhecem populações saudáveis da espécie”, explica Fabiano Melo, primatólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa. Limitado a pequenos fragmentos florestais no interior da Bahia, o macaco enfrenta a diminuição de seu habitat e a fragmentação das áreas remanescentes, o que compromete e limita sua capacidade de sobrevivência e reprodução. O avanço dos pastos entre os fragmentos florestais pode levar a um isolamento genético, agravando ainda mais a situação da espécie, que é categorizada atualmente como Criticamente Ameaçado (CR) pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. O macaquinho hoje é uma das seis espécies alvo do Plano de Ação Nacional dos Primatas do Nordeste, que tem como objetivo geral manter e promover a viabilidade de populações das espécies alvo em 5 anos, juntamente com o guigó, guariba, macaco-prego-do-peito-amarelo, guariba-de-mãos-ruivas e o macaco-prego-galego. Casal de guigós-da-caatinga vocalizando em conjunto Cristine Prates A continuidade das atuais ameaças, como a expansão agropecuária e as mudanças climáticas, podem acelerar drasticamente o declínio populacional destas espécies. “Toda espécie ameaçada, quando ela é declarada, significa que ela está a caminho da extinção na natureza. Porém, a área onde ela vive é muito grande, e muito provavelmente a gente vai ter muitas populações ainda remanescentes, protegidas. Não tem como prever isso em tempo”, diz Fabiano. Segundo o primatólogo, uma das formas de proteger a espécie é criando novas unidades de conservação. O Parque Nacional da Chapada Diamantina abriga hoje a única unidade de conservação de proteção integral que abriga populações do guigó-da-Caatinga. A espécie Segundo Fabiano, todas as espécies do gênero Callicebus se alimentam de frutas e folhas, mas algumas costumam comer alguns tipos de insetos, larvas e eventualmente flores e casca de árvore. Uma curiosidade interessante sobre o primata é que ele possui uma vocalização muito característica. Além disso, a espécie é monogâmica. Um mesmo casal passa toda a vida juntos. O guigó-da-caatinga tem sua ocorrência limitada ao interior da Bahia Gerson Buss Outra característica curiosa sobre os guigós-da-caatinga é que os filhotes também vocalizam. Quando isso acontece, os pais cantam em dueto e, eventualmente, os filhos também ajudam e acabam vocalizando junto. O habitat, Caatinga De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, menos de 10% de toda a Caatinga é protegida por alguma unidade de conservação, o que deixa a maior parte desse bioma sob o risco do avanço da agricultura, pecuária e extração de madeira. O bioma é o único dos seis do território brasileiro que é 100% nacional, mas, apesar disso, recebe pouca atenção de políticas públicas de preservação. “Boa parte da Caatinga hoje, ainda que a gente tenha a questão da aridez, da dificuldade de se fazer produção agrícola, a gente tem os projetos de irrigação e uma série de outras alternativas de engenharia humana que tem destruído muito o bioma”, reforça o primatólogo, Fabiano Melo. Bioma da Caatinga ocupa mais da metade do território nordestino Reprodução/TV Globo Já foram perdidos 34 milhões dos 82,6 milhões de hectares da Caatinga, equivalente a 40% de seu território. O alerta foi dado pelo presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, em um seminário técnico-científico sobre o bioma, realizado em abril deste ano. "A Caatinga tem 60% de área de vegetação nativa ocupada, das quais uma boa parte já passou por processo de antropização seguidos, como corte raso, queimas reiteradas, extração seletiva de vegetação e animais, introdução de espécies exóticas", afirma o presidente do IBAMA. Vale lembrar que a Caatinga é um dos biomas mais vulneráveis às mudanças climáticas devido às suas características naturais de semi-aridez e à dependência de um regime de chuvas já irregular e limitado. “Se você imaginar que o Brasil, pela primeira vez, confirmou a ocorrência do clima árido na região da Caatinga, inclusive, nesses tempos modernos, pelo menos nos últimos seis mil anos, imagina o que está por vir. Depende muito das mudanças climáticas, como elas vão alterar os hábitats”, finaliza o especialista. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

Publicada por: RBSYS

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